Teu êxtase de me ver chegar só não era maior que meu desdém, pensando outra vez "que hora posso ir embora?".
E o afago valia menos que o trago ou o gole.
Valeu a pena?
Pena porque sempre foi penoso, subir escada, torcer o nariz, lavar a louça.
Vi a sombra de um gato passando sobre o muro enquanto vc dormia em meu braço. O braço latejou e eu quis ser o gato. Odeio gato.
Lembro de tudo que eu quis esquecer fechando o portão e ajeitando a mochila. Lembro principalmente que faltou um paiero, que os bares ainda não haviam abrido.
Não ria, mas não tem nada a ver contigo. Nem eu nunca tive.
Expandindo esse monte de letra, qualquer história se encaixa entre as linhas. Escolhe uma que tu quer , bota aqui, chora ou ri.
Eu rio.
Rio que deságua no mar, mar feito de vários nadas, cada um mais vazio que o outro entre um papo e outro copo. Álcool alivia mais meu corpo que minha mente, porque o cansaço já se sente no braço, na perna e na fala arrastada. Quero mais nada.
Me perdi no dia que sua carta fez eu desviar meu amor; me perdi no dia que eu ia te substituir na estação de trem e na baixada santista; me perdi no dia que acordei de madrugada e você tinha ido embora; me perdi no dia que eu me achei perdido, e até hoje não me acho. Quantas vezes você, quantas vezes qualquer um.
Eduardo Bueno
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