Quem sou eu

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Me descubro a cada dia, me transformo a cada novo passo e a qualquer momento ao dobrar uma esquina. É impossível ser descrito de maneira estável. Conheça-me através das postagens e algo mais.

20 de abr. de 2024

Dolorida

Voce não sabe a rotina da gata
Não precisou segurar a cabeça do cachorro
Não plantou e viu morrer

Eu bebi a última água da torneira
E dei descarga pela última vez
Tranquei também, bem trancadas todas as portas

Imagino se é assim a derrota

11 de abr. de 2024

Nunca disse isso

Senti lacrimejante o front do mundo
Meus abismos escancarados
Urgindo a engolir-me
Traço a traça
Sendo eu minha ameaça

Reagi a seu descompasso do meu badalo
Toquei por mim mesmo insanas vezes
Lambendo a ti nos azulejos
Silenciando triste as mãos ensaboadas

Fiz-me amorfo
Incessante dos desejos iniciados
Quase nunca lembrados
Escancarados à poeira do quintal

4 de abr. de 2024

O Berro

De alguma maneira
Fala o grito sobre o silêncio 
A amálgama no trago quase escuro
Uma ânsia, na análise da conjuntura

Se inaugura então um caos
Imerso na graça do desespero
O homem que sem traço algum
Memorizou-se no abraço do mundo

27 de mar. de 2024

Ponteio

 


Nós tropicalizavamos o amor
Eu, fazia isso por desprendimento
Atento ao gesto manso
O saboreio dessa terra

15 de mar. de 2024

Soneto amarelo

Lembrar-se
Mas sem muito apego
Posto que vida é passagem

Saber-te, sabor e arte
Estar manso no teu aconchego
Posto que a vida é de viagem

Encantar-me
O afeto na tua presença
Desapegar-se da bagagem.

14 de mar. de 2024

Minha Nobre Tarde

Quase destituído da sanidade
Sou pego às vistas da cão já velha
Devaneando mais uma vez contigo
Entorpecendo o corpo 
Pra doerem menos essas coisas revistas,
Revivo os tempos em que fui-me pouco a pouco
Abandonando o espaço
Julgando-te muito
Apenas embelezando
A potência de tudo que não faço,
Te lembro contorcionista
Bem pra além da borboleta
Fazendo seu circo e montando pirueta
Pra dar conta de mim
Agora muito mais careta,
Estive por onde, ou quando fui?

14 de dez. de 2023

Quando?

Paro-me
Para ler-me ou saber-te
Abuso-me
Às proporções inefáveis 

Reuso-me
Incauto ainda
Inebriado pela sensação de ser

Acolho-te
De forma ou outra
No canto dos braços
No centro do mundo

Transgrido-me