Quem sou eu

Minha foto
Me descubro a cada dia, me transformo a cada novo passo e a qualquer momento ao dobrar uma esquina. É impossível ser descrito de maneira estável. Conheça-me através das postagens e algo mais.

7 de jan. de 2017

Das barrancas da Ribeiro

Faz tempo
Que o tempo passa
Que o Sol vem e vai, tentando enganar quem o persegue ou dúvida das suas gentilezas
Tempo
Passou e nem foi visto
No banco do colégio
Na quadra da escola
Em frente a lousa naquela palestra
No banco do parque
No sofá da vó
Na espera pro teatro
No onibus noturno da calçada abandonada
No parque
No sofá da mãe
No metrô
Na web
No aeroporto
Nas lágrimas
Nos sorrisos
No banco dos carros
Na praia
Na chapada
Na ocupação
Nas barracas
Eis o ponto em que o tempo se converge
Um agora, onde todo diferente é único
Um big bang a cada instante, onde tudo se acumula e tudo pode acontecer
Já faz tempo
Que o tempo leva
Que o tempo deixa
Um bruxuleio, um esqueleto
Faz tempo
E a sensação é de um tecido fino demais
Que foi sendo puxado
Como que pelos dedos de uma criança que esfiapa seu algodão doce
Se saciando, aproveitando cada segundo de um doce tão doce que não cansa
Puxado
Por uma criança filha do tempo
Que sem tempo de se apresentar
Passa e puxa
E rasga
E esfiapa
E deixa pois no agora o resto, o traço
Um sem-pedaço de vários outros tempos
Que foram um agora
Que se fizeram tudo que poderiam se fazer
Pra se acabar
Pra renascer


Eduardo Bueno

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pelo comentário. =]~